[CULTURA] FLÁVIO SOUZA: "NÃO NOS CONSIDERAMOS HIPPIES, MAS SIM ARTISTAS DE RUA"

Juliene Araújo*

Flávio Souza, artesão. Foto: Juliene Araújo


Ao caminhar pela cidade é possível perceber a diversidade cultural que se faz presente no meio. Os mais inúmeros tipos de pessoas que se locomovem aqui e ali em sua vida rotineira. Estilos e personalidades diferentes, vidas diversas que estão sempre se esbarrando nos espaços públicos. Seja no supermercado, na feira, nos bancos ou praças. E os costumes, leis, crenças e modos de vida, são os fatores que compõem os mais diversos grupos que vivem nas cidades.

Esses grupos, muitas vezes chamados pelos sociólogos de tribos urbanas e “subculturas”, possuem uma maneira própria de ver a vida e lidar com ela. Possuem um próprio vocabulário, repleto de gírias que, muitas vezes, só quem faz parte é capaz de entender. Definem seu próprio estilo, de vestir-se, comportar-se, relacionar-se e de viver. E é justamente sobre esses estilos que vamos tratar.

Jaqueline Andrade, durante entrevista. Foto: Juliene Araújo

Durante uma manhã, caminhando pelo centro de Caruaru-PE, eu e alguns amigos tivemos o privilégio de conhecer um casal de "hippies", Jaqueline Andrade e Flávio Souza,  e dialogarmos com eles. Durante a conversa, lembro-me de termos citado a palavra profissão, foi quando imediatamente eles retrucaram que o que faziam não se tratava de uma profissão, mas sim de um estilo de vida. 

Os entrevistados disseram ainda que não se consideram hippies, mas sim artistas de rua, artesãos e malucos de BR; por viverem pegando carona. Viajam conhecendo o Brasil e vivem da arte de rua, artesanato e música. Afirmaram também que além das viagens ajudarem a fortalecerem suas raízes como ser humano, é uma forma também de aprender novas culturas e passa-las para outras pessoas. "O massa é isso, a absorção de culturas, religiões novas... e a troca delas".

Flávio Souza produzindo sua arte manual. Foto: Juliene Araújo


É dessa forma que esse grupo vive, produzindo arte pelo Brasil afora. Foi essa a maneira que escolheram de viver todos os dias de suas vidas. E são felizes por viverem assim. É preciso entender que estamos rodeados de culturas das mais diversas tribos, por isso precisamos começar a olhar com outros olhos a sociedade que nos cerca, as pessoas e as culturas presentes. É preciso valorizar essa riqueza cultural nas cidades e nos centros urbanos. Não se trata de um grupo único residindo em um espaço, mas sim diversas tribos distintas produzindo sua cultura, e muitas vezes, entrando em conflitos pela intolerância de uma parcela da sociedade. Deve-se garantir ao cidadão o acesso à cultura, a sua e a do outro. E sem conhecimento, o diálogo se faz inviável, impedindo que as várias culturas se ponham em movimento e reforcem sua identidade no contato com outras identidades.

Casal de artesãos. Foto: Juliene Araújo



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