[XENOFOBIA] MOACIR JAPEARSON: ”ÀS VEZES NÃO EXISTE EM PALAVRAS, MAS A GENTE NOTA QUE EXISTE UM TIPO DE RETALIAÇÃO“

Matheus Simão*

Arquivo pessoal

Diferente do que muitos acreditam, a xenofobia não acontece apenas com estrangeiros. Acontece frequentemente com pessoas com a mesma nacionalidade.  O termo xenofobia vem do grego e se origina das palavras “xénos” (estrangeiro) e “phóbos” (medo). Pode significar aversão, desconfiança, antipatia ou medo de pessoas diferentes do seu meio ou pelo o que é atípico e vem de fora do país. O que poucos sabem, é que essa aversão pode ser caracterizada como uma doença, um transtorno psiquiátrico.

O cirurgião dentista, Moacir Japearson, relata ter sofrido com esse tipo de intolerância tanto no âmbito nacional quanto no estrangeiro. “Nordestino com orgulho”, como o mesmo costuma falar, não passa despercebido por nenhum lugar que esteja. “Meu sotaque deixa muito claro que sou nordestino”. O mesmo também destaca que, “As pessoas dizem que não tenho o aspecto nordestino, o que eu vejo como um preconceito, porque nos é associado um biótipo especifico”. Em um episódio que aconteceu no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o dentista foi direto do avião para o banheiro. Na primeira cabine que entrou, estava escrito “fora nordestinos” dentre outras frases de repúdio. Mesmo que indiretamente, aquilo afetou Moacir, deixando claro para ele que a xenofobia é notória a partir do momento que você é identificado como nordestino.

Em uma de suas viagens para o exterior, quando Moacir estava em uma temporada de férias na capital argentina, Buenos Aires, o brasileiro expôs uma situação bastante desconfortável que lhe ocorreu. Durante um jantar na casa de um amigo, que decorreu de um convite informal, em que ele não estava com vestes específicas para um jantar, que seria formal, disse: ”eu notei que a todo instante, a mãe do rapaz, uma senhora com seus colares de esmeralda, ficava me testando o tempo inteiro. No espanhol, dizendo que eu não sabia falar a língua, me corrigindo.  O tempo inteiro ela ficou soltando ironias”. A situação ficou ainda mais difícil quando o cirurgião dentista contou que era brasileiro e a senhora usou de uma expressão de desprezo. “Às vezes não existe em palavras, mas a gente nota que existe um tipo de retaliação” completou Moacir. 



             
                

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